A internação de Galvão Bueno, 74 anos, após ser diagnosticado com pneumonia, reacendeu o alerta para a forma silenciosa com que a doença pode atingir pessoas idosas. Diferentemente dos adultos mais jovens, os sinais tradicionais da infecção — febre alta, tosse produtiva e dor no peito — muitas vezes não aparecem ou surgem de maneira muito discreta nessa faixa etária.

A pneumonia é causada por vírus, bactérias ou fungos e representa um risco elevado para idosos, especialmente aqueles com doenças crônicas. O problema é que, nesses pacientes, os sintomas costumam ser inespecíficos, como confusão mental, desorientação, sonolência excessiva ou uma piora geral repentina do estado de saúde. Esses quadros podem ser confundidos com outras condições, atrasando o diagnóstico.

“Em pacientes idosos, o adoecimento grave raramente é isolado. O corpo reage de forma sistêmica, e cabe ao profissional identificar rapidamente quadros complexos para evitar desfechos graves”, explica Maria Enedina Scuarcialupi, pneumologista e professora da Afya Paraíba. Segundo ela, a reserva fisiológica reduzida nessa população torna qualquer infecção potencialmente perigosa.

O tratamento costuma envolver antibióticos, que podem ser administrados em casa quando o quadro é leve. Mas a internação se torna necessária diante de sinais de gravidade, como queda no nível de consciência, desidratação, alterações laboratoriais compatíveis com disfunção orgânica, pressão baixa ou dificuldade para respirar.

No hospital, o paciente recebe monitoramento contínuo, medicamentos intravenosos e suporte respiratório quando preciso. A principal lição reforçada pelo caso é que, em idosos, a pneumonia pode se manifestar de forma atípica — e reconhecer esses sinais sutis é decisivo para garantir um diagnóstico rápido e um tratamento eficaz.