O jornalista Luiz Guerra voltou a ser lembrado após a estreia do documentário “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, lançado nesta quarta-feira (12/11) na Netflix. A produção revisita o sequestro e assassinato de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, em 2008, e analisa o papel da imprensa durante os seis dias em que a adolescente foi mantida refém pelo ex-namorado Lindemberg Alves, em Santo André (SP).

Na série, Guerra relembra o episódio em que foi acusado de “ajudar” a provocar a morte da jovem ao intermediar uma conversa ao vivo entre o sequestrador e a apresentadora Sonia Abrão, no programa A Tarde é Sua, da RedeTV!. O jornalista, no entanto, afirma que não se arrepende e defende que o objetivo da imprensa na época era apenas tentar estabelecer diálogo com Lindemberg.

O telefonema transmitido pela emissora se tornou um dos momentos mais polêmicos da cobertura. A equipe do programa conseguiu o número da casa de Eloá, entrou em contato e, surpreendentemente, Lindemberg atendeu e aceitou conversar.

Em uma entrevista ao UOL em 2014, Sonia Abrão explicou como a ligação aconteceu e defendeu sua postura:

“Ligamos e ele atendeu. Disse que queria falar ao vivo, porque não queria que o Brasil pensasse que ele era bandido. Eu estava no ar quando o diretor avisou que o Lindemberg estava na linha. Conversei com ele e também com a Eloá. No meio da conversa, ele desligou. A polícia, a imprensa e o público estavam todos assistindo.”

A atitude da apresentadora e da produção foi duramente criticada por especialistas em segurança e comunicação, que consideraram o contato direto com o sequestrador uma interferência perigosa em uma operação policial em andamento.

O caso Eloá, considerado um dos episódios mais trágicos e televisionados da história do país, segue sendo debatido até hoje como um exemplo extremo dos limites éticos do jornalismo em situações de crise.