A Polícia Civil do Rio de Janeiro deve divulgar, a partir das 11h desta sexta-feira (31), a lista parcial dos mortos na megaoperação realizada na última terça (28) nos complexos do Alemão e da Penha. Segundo o governo estadual, também serão apresentadas as fichas criminais dos suspeitos e informações sobre aqueles que não eram do Rio, com a identificação dos estados de origem.

A coletiva contará com a presença do secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, do secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, e de outros representantes da corporação.

A ação policial, considerada uma das mais letais da história do estado, deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais.

Denúncias sobre o IML

Na noite de quinta-feira (30), parlamentares denunciaram as condições do Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no centro do Rio, onde estão sendo realizados os exames de necrópsia. Segundo relatos, familiares de vítimas têm dormido na porta do local, enfrentando o mau cheiro de corpos sem refrigeração e a demora na liberação.

A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, classificou a situação como “a face mais cruel da violência de Estado”.

“Famílias estão dormindo na porta do IML, convivendo com o cheiro dos corpos dos seus entes queridos sem refrigeração. Isso não é política de segurança, é abandono estatal”, afirmou durante o encontro Rio Sem Massacre, realizado na Escola do Legislativo (Elerj).

Situação no IML e identificação das vítimas

O governo do estado informou que, até a tarde de quinta-feira (30), mais da metade dos 117 corpos oficialmente contabilizados já havia sido identificada e começado a ser liberada.

Ainda segundo o governo, o IML Afrânio Peixoto está sendo usado exclusivamente para os mortos da operação. O atendimento às famílias ocorre em um prédio anexo do Detran, enquanto casos não relacionados à ação policial estão sendo direcionados ao IML de Niterói, na Região Metropolitana.

Atuação da Defensoria Pública

A Defensoria Pública do Rio afirmou que foi impedida de acompanhar as perícias, mas montou uma força-tarefa com 40 profissionais para auxiliar os familiares. Até o momento, 106 famílias procuraram o órgão em busca de apoio para documentação, sepultamento gratuito e traslado de corpos para outros estados.

A defensora Mirela Assad, da Coordenação Geral de Programas Institucionais (Cogpi), explicou que parte da demora se deve à ausência de parentes diretos para a identificação de alguns corpos.

“Estamos diante de um cenário de dor e desassistência. Há dificuldades logísticas, mas também uma falta de amparo às famílias que perderam seus entes”, afirmou.