A autoficção “Porca Gorda”, da escritora, jornalista e curadora Jéssica Balbino, foi eleita um dos melhores livros de 2025 pela revista O Odisseu, uma das principais publicações brasileiras dedicadas à literatura contemporânea, à crítica cultural e ao mercado editorial. A seleção, realizada por uma curadoria formada por professores, críticos, jornalistas e escritores, coloca a obra ao lado de títulos de autores como Itamar Vieira Jr., Giovana Madalosso, Andréa Del Fuego, Mylena Queiroz e Moacir Fio, reafirmando a potência da literatura produzida fora dos eixos tradicionais e centrada em narrativas do corpo e da dissidência.
Misturando escrita de urgência, erotismo, memória e uma linguagem incisiva, “Porca Gorda” se consolidou como um dos fenômenos recentes da literatura brasileira contemporânea. O livro parte da experiência corporal para abordar temas como gordofobia, violência simbólica, desejo, rebeldia e ruptura, articulando política e intimidade com densidade e humor. A obra vem sendo apontada por leitores, críticos e pesquisadores como um marco da autoficção atual, especialmente por tensionar padrões estéticos, feminilidade e a noção de “corpo permitido” na sociedade brasileira.
Com cerca de 120 páginas, o livro apresenta uma narrativa ao mesmo tempo feroz e sensível, na qual Jéssica Balbino destrincha memórias afetivas e experiências vividas enquanto constrói um discurso literário que opera como manifesto: existir, escrever e desejar a partir de um corpo historicamente marginalizado. Nesse sentido, “Porca Gorda” dialoga diretamente com debates feministas contemporâneos, ampliando o campo da escrita do eu para incluir corpos dissidentes e realidades periféricas.
Desde o lançamento, a obra esgotou sua primeira tiragem, circulou por festivais literários em diferentes regiões do país, integrou clubes de leitura e se tornou tema de debates em universidades, escolas, centros culturais e mesas dedicadas à escrita do corpo. A recepção crítica e o alcance do livro indicam um interesse crescente por narrativas que rompem com modelos hegemônicos e reposicionam o corpo como espaço central de produção de conhecimento e linguagem.
Nascida em Poços de Caldas (MG), Jéssica Balbino é jornalista, escritora, curadora e pesquisadora de narrativas do corpo, das dissidências e das periferias. Autora de “gasolina & fósforo”, ela atua há anos no circuito literário e cultural brasileiro, com participações em eventos como Flip, FLIPEI, Balada Literária, FLIMA, Estéticas das Periferias e programações de diversos Sescs pelo país. Também assina a coluna DiversEm, no Estado de Minas, e a newsletter Emergency Talks, onde reflete sobre escrita, desejo, corpo e cotidiano.
A presença de “Porca Gorda” na lista de melhores livros do ano da revista O Odisseu reforça não apenas o valor literário da obra, mas sua importância cultural e política. Em um contexto marcado pela invisibilização de corpos dissidentes, o reconhecimento legitima uma narrativa urgente e profundamente conectada aos debates feministas e contemporâneos do Brasil de hoje — além de evidenciar a força de produções literárias vindas de fora dos grandes centros tradicionais.
