O deputado estadual Carlos Lula (PSB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão, nesta quarta-feira (19), para defender que o Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta (20), seja encarado como um chamado à memória, reflexão e, sobretudo, cobrança por justiça racial. Ele lembrou que o Maranhão é um dos estados com maior população negra do país, mas também um dos que ainda apresentam os piores indicadores sociais.
Durante o discurso, o parlamentar destacou que a desigualdade no Maranhão tem cor — e isso não é resultado de falta de esforço, mas de séculos de exclusão. Segundo ele, os dados mostram que pessoas negras seguem como maioria entre os mais pobres, os desempregados, os que enfrentam maiores dificuldades no acesso à saúde e os jovens mais expostos à violência.
Carlos Lula ressaltou que as regiões mais vulneráveis do estado concentram justamente a maior parcela da população negra, áreas onde o poder público historicamente chegou com menos força. “A cor, como mostram os dados, ainda tem endereço”, afirmou.
Para o deputado, é preciso ir além de políticas universais e implementar ações afirmativas que enfrentem desigualdades estruturais. Entre as medidas urgentes, ele citou a ampliação do acesso de jovens negros ao ensino superior, o combate ao racismo institucional e a formação contínua das forças de segurança com mecanismos de controle social.
Carlos Lula também defendeu a preservação da cultura negra maranhense, reforçando que manifestações tradicionais como o tambor de crioula, o bumba meu boi, os quilombos e a religiosidade afro-brasileira precisam ser tratadas com respeito e valorização, como parte da identidade do Maranhão.
Ao abordar a violência que atinge principalmente jovens negros, ele foi direto: “Não haverá consciência negra verdadeira enquanto mães negras continuarem enterrando seus filhos por falta de oportunidades e de Estado”.
Encerrando o discurso, o parlamentar afirmou que o Dia da Consciência Negra deve inspirar mudanças estruturais e escolhas públicas que realmente enfrentem a exclusão. “Não basta celebrar Zumbi. É preciso honrar seu legado com ações concretas”, destacou.
