A Justiça do Maranhão concedeu liberdade provisória nesta sábado (18) às três pessoas presas pela Polícia Federal em flagrante por suspeitas de integrar esquema de lavagem de dinheiro por meio de saques de emendas parlamentares estaduais. A decisão foi proferida pelo juiz Luís Carlos Dutra, do Plantão Criminal de 1º Grau de São Luís.
Saíram da prisão:
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Larissa Rezende Santos, assessora da deputada estadual Andreia Rezende (PSB);
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Maria José de Lima Soares, presidente do Boi de Maracanã e representante da Banzeiro Grande Produções LTDA;
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Ivan Jorge da Piedade Madeira, presidente da Companhia de Cultura Popular Catarina Mina.
Eles foram detidos na sexta-feira (17/10) em uma agência bancária da Banco do Brasil, no Centro de São Luís, justamente após efetuarem o saque de R$ 400 mil em espécie, montante que, segundo a PF, deveria ser destinado para projetos culturais e sociais.
Prisões, valores e origem
Conforme relatório da Polícia Federal, o valor de R$ 400 mil fazia parte de até R$ 500 mil apreendidos em ações vinculadas às emendas parlamentares estaduais destinadas à Catarina Mina. O total dos recursos sob investigação ultrapassa R$ 2 milhões.
Durante o flagrante, encontraram-se:
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R$ 400 mil em mochila com Larissa Rezende;
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R$ 19,3 mil com Maria José Soares;
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R$ 50 mil sob posse de Ivan Madeira.
Segundo a PF, parte desse dinheiro teria sido repassada a parlamentares e utilizado para pagamento de comissões e tributos. A suspeita é de que os recursos, originalmente voltados para eventos culturais, não teriam sido aplicados — o que configura hipótese de peculato e corrupção passiva.
Citações políticas e tramitação da investigação
As investigações da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários indicam que os recursos teriam origem em repasses da Secretaria de Cultura do Maranhão (Secma) via emendas indicadas por parlamentares estaduais. Nos autos aparecem os nomes das deputadas estaduais Helena Duailibe, Andreia Rezende e Cláudia Coutinho (licenciada). Até o momento, nenhuma delas figura como investigada formalmente pela PF.
Com a concessão da liberdade provisória, os suspeitos responderão ao processo em liberdade, sob condições determinadas pela Justiça. O caso segue em sigilo, com buscas por outros envolvidos — inclusive agentes públicos — e por rastrear o destino final dos valores desviados, que podem ter sido usados para financiamento ilegal de campanhas eleitorais.
O que dizem os citados
Helena Duailibe:
“Confesso que fui surpreendida com tudo o que aconteceu. Não conheço quaisquer dos envolvidos. Também não tive ciência do inteiro teor do inquérito e ainda aguardo essa ciência para fazer uma manifestação pública. Digo de antemão que nunca recebi ou receberei em nenhuma hipótese valores indevidos de quaisquer naturezas. Fico à disposição para maiores esclarecimentos.”
Cláudia Coutinho:
“A Deputada Estadual Cláudia Coutinho vem a público esclarecer os fatos divulgados nesta data, em que seu nome aparece em reportagem como sendo citada em relatório da Polícia Federal, que investiga suposto desvio de recursos públicos oriundos de emendas parlamentares. Em primeiro lugar, destaca-se que a Deputada não está sendo investigada … A simples menção ao seu nome … não significa que a Deputada tenha participado de irregularidades, tenha sido beneficiada, ou que exista qualquer denúncia ou acusação formal contra ela… … A Deputada Cláudia encontra-se de licença médica, mas permanece à disposição da imprensa, da sociedade e dos órgãos competentes …”
Ivan Madeira:
“A defesa do Senhor Ivan Mandeira informa que está tomando conhecimento de todos os fatos. E assim que tiver conhecimento dos autos, irá se manifestar. Vale destacar, que o senhor Ivan Madeira é um dos mais antigos fazedores de cultura do MA com um trabalho de destaque no Tambor de Crioula. São quase três décadas à frente da Companhia Catarina Mina tanto na manifestação cultural quanto em projetos sociais…”
Larissa Rezende Santos:
“Diante da recente publicação na imprensa, a defesa da parte envolvida vem prestar esclarecimentos. Os fatos alegados serão oportunamente esclarecidos no âmbito da investigação policial. É importante destacar que a pessoa mencionada é ré primária, possui emprego lícito e sempre atuou de forma ética e respeitosa à legislação, com conduta ilibada. Ressaltamos que qualquer conclusão precipitada … pode causar prejuízos irreparáveis. A pessoa suspeita reserva-se o direito de se manifestar no momento processual adequado …”
Maria José de Lima Soares:
“Acerca dos acontecimentos relatados sobre a prisão em flagrante … necessário se faz esclarecer que: 1. Maria José de Lima Soares é presidente da Associação Recreativa e Beneficente Folclórica e Cultural de Maracanã … 2. Como agitadora cultural … seu nome é respeitado … 3. Como representante da Banzeiro Grande Produções … empresa fruto de sua experiência … sempre em prol de sua comunidade … 4. Assim, descabidas são as acusações de lavagem de dinheiro … … 5. … o processo em curso será devidamente esclarecido … 6. … não faz sentido, neste momento, a prisão de uma mulher sem nenhum antecedente criminal … colaborando para esclarecer todos os fatos o mais rápido possível…”
Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (nota oficial):
“A Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão informa que, até o presente momento, não recebeu qualquer comunicação oficial a respeito das notícias veiculadas na imprensa sobre supostos ilícitos envolvendo atividade bancária atribuída a uma assessora que teria vínculo com esta Casa. Tão logo haja notificação formal … a Assembleia Legislativa prestará todas as informações necessárias, colaborará integralmente com as autoridades responsáveis … e adotará as medidas institucionais cabíveis, com total transparência e responsabilidade.”