A agora ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou o pedido de renúncia ao mandato para elogiar a atuação da Câmara dos Deputados e afirmar que “segue viva” politicamente, mesmo após deixar a Casa. Condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli está presa na Itália desde julho.
No documento encaminhado ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), a ex-parlamentar afirmou que sua saída não representa derrota. “A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz”, escreveu.
Zambelli também agradeceu as decisões tomadas pela Câmara que, anteriormente, haviam mantido seu mandato. Essas deliberações, no entanto, foram posteriormente anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a perda definitiva do cargo.
Segundo a ex-deputada, a postura do Legislativo foi um gesto de respeito às instituições. “Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado”, declarou.
No texto de renúncia, Zambelli afirma que fala não apenas como parlamentar, mas como representante dos 946.244 eleitores que votaram nela em 2022. Ela sustenta que não haveria provas suficientes para justificar a cassação e cita relatório aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que apontaria essa ausência de elementos jurídicos.
A ex-deputada critica diretamente a decisão do STF, ao afirmar que a Corte afastou o entendimento do Parlamento. Para ela, a renúncia serve como um “registro histórico” de que um mandato popular foi interrompido apesar do reconhecimento da Câmara de que não haveria base jurídica para a cassação.
“Este gesto não é rendição. É o registro de que mandatos passam, mas princípios permanecem. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem”, escreveu.
Ao final, Zambelli reforça o discurso político mesmo fora do cargo: “A vontade popular não se apaga. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz”.