O número de brasileiros que têm as plataformas digitais como principal forma de trabalho cresceu 25,4% entre 2022 e 2024, alcançando 1,7 milhão de pessoas. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que esse contingente cresceu 335 mil em dois anos.
Informalidade e vínculo de trabalho
A pesquisa destaca a informalidade como uma característica marcante desse grupo:
  • 71,1% dos trabalhadores por aplicativo são informais, uma taxa significativamente maior que a informalidade média na população ocupada do país (44,3%).
  • 86,1% trabalham por conta própria, mas sem Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
  • Apenas 3,2% possuem carteira de trabalho assinada.
  • Essa situação levanta debates sobre a precarização das condições de trabalho e a falta de benefícios e proteção social, como acesso à previdência.
Perfil do trabalhador
O estudo traçou um perfil majoritariamente masculino e jovem para o trabalhador “plataformizado”:
  • Gênero: 83,9% são homens. A predominância masculina é associada ao fato de que os apps de transporte e entrega são as categorias mais populares.
  • Idade: 47,3% têm entre 25 e 39 anos, e 36,2% estão na faixa dos 40 aos 59 anos.
  • Escolaridade: A maioria possui ensino médio completo ou superior incompleto (59,3%).
Tipos de aplicativos e concentração regional
A pesquisa identificou quatro tipos de plataformas mais utilizados:
  • Transporte particular de passageiros: 53,1% dos trabalhadores.
  • Entrega de comida e produtos: 29,3%.
  • Prestação de serviços gerais ou profissionais: 17,8%.
  • Táxi: 13,8%.
    Geograficamente, os trabalhadores por aplicativo estão concentrados principalmente na região Sudeste, que abriga mais da metade (53,7%) do total.
Análise do mercado e futuro da regulamentação
O crescimento acelerado desse tipo de trabalho é explicado pela flexibilidade de horários e a busca por renda complementar. O tema, no entanto, está no centro de um debate institucional no Supremo Tribunal Federal (STF) para definir se existe vínculo empregatício entre motoristas e plataformas. A discussão opõe as empresas, que negam a relação de emprego, e representantes dos trabalhadores, que apontam para a precarização do trabalho. Futuras pesquisas do IBGE, como a prevista para 2025, devem incluir dados sobre plataformas de comércio eletrônico.