Adolescência é sinônimo de mudança: no corpo, nas emoções e no comportamento. É nesse período de intensas transformações que surge a figura do médico hebiatra, especialista dedicado ao cuidado integral de adolescentes, geralmente entre os 10 e 20 anos de idade. Embora ainda pouco conhecida, a hebiatria, especialidade dentro da pediatria, tem ganhado relevância por atuar como um elo entre o pediatra e o clínico geral, acompanhando o jovem em temas que vão além da saúde física, abrangendo também aspectos emocionais e sociais.
“O hebiatra é o profissional mais preparado para entender as necessidades específicas do adolescente. Essa é uma fase marcada por dúvidas, inseguranças e descobertas, e ter um acompanhamento médico direcionado faz toda a diferença no desenvolvimento saudável”, explica a Dra. Sofia Simao Martins Lavorato, médica hebiatra da Clínica-Escola da Faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas.
A ponte entre a infância e a vida adulta
Enquanto o pediatra lida majoritariamente nas demandas da infância e o clínico geral atende o adulto, o hebiatra se concentra justamente na transição entre essas duas etapas. Esse médico está atento não apenas ao crescimento e a puberdade, mas também a aspectos como alimentação, autoestima, sexualidade, saúde mental e uso de tecnologias.
“O adolescente, muitas vezes, não se sente mais à vontade com o pediatra, que também pode acompanhá-lo nesta fase, mas ainda não tem maturidade para lidar sozinho com as questões que surgem nessa fase. O hebiatra é esse profissional de confiança, capaz de acolher e orientar com linguagem e escuta adequadas”, complementa a médica.
Prevenção e diálogo como foco
O trabalho do hebiatra vai além do tratamento de doenças: ele tem forte foco preventivo e educativo. A consulta costuma envolver conversas sobre temas sensíveis, como álcool, drogas, bullying, sexualidade e uso das redes sociais, sempre com sigilo e respeito à individualidade do jovem.
“É um espaço seguro para que o adolescente fale abertamente, sem julgamentos. O hebiatra atua ajudando o jovem e a família a compreenderem melhor esse momento de transição”, destaca a professora.
Importância da família e do acompanhamento contínuo
Os especialistas reforçam que o papel da família é essencial para o sucesso do acompanhamento hebiátrico. O ideal é que os pais incentivem o adolescente a manter consultas regulares e participem, quando apropriado, das orientações médicas.
“A saúde do adolescente não se resume à ausência de doenças, mas envolve também equilíbrio físico, emocional e social. O acompanhamento médico adequado pode prevenir problemas futuros, fortalecer a relação familiar e ajudar o paciente a viver uma adolescência mais plena com o desenvolvimento de suas potencialidades”, conclui Dra. Sofia.
