Em política, o silêncio pode ser estratégico — mas também pode custar caro.
E Carlos Brandão parece ter percebido isso a tempo.
Depois de dias de ruído, gravações, notas e declarações cruzadas entre governistas e dinistas, o governador do Maranhão decidiu romper o silêncio e falou.
Falou com a caneta — e com firmeza.
A nota emitida nesta quarta (22) marca um ponto de virada na crise que expôs as rachaduras da base governista.
Brandão deixou claro que não pretende continuar refém da narrativa construída por antigos aliados. E mais do que isso: decidiu se colocar, de fato, como chefe de governo, não como refém das disputas de bastidor que há meses vinham minando a autoridade do Palácio.
Foi um gesto de autoridade.
E, convenhamos, necessário.
Desde que o caso das gravações veio à tona, a crise deixou de ser um conflito lateral e passou a atingir o coração do governo e a opinião pública. Até quem não se liga em política já andava comentando as fofocas envolvendo brandonistas e dinistas.
Não dava mais para fazer de conta que a tempestade passaria sozinha.
Com o nome do irmão — Marcus Brandão — citado, e com parlamentares do campo dinista subindo o tom, o governador precisava reagir.
E reagiu.
Na nota, Brandão chamou as coisas pelo nome: falou em chantagem, barganha e tentativa de manter o controle de uma gestão que já havia mudado de mãos desde 2022.
Foi o recado mais direto desde que as tensões começaram.
Quem leu com atenção percebeu: ele não está apenas respondendo — está delimitando território.
Ao agir, Brandão resgata o papel que muitos cobravam dele: o de quem lidera, define e impõe limites.
Num momento em que as gravações transformaram aliados em acusadores, e em que a crise já respingava no Planalto, o governador precisou mostrar que a cadeira que ocupa ainda tem dono.
Claro que o gesto não é isento de risco.
Toda nota pública em meio a uma crise é uma aposta.
Mas o custo do silêncio seria muito maior.
Em política, quem não fala acaba falado.
E Brandão decidiu não deixar que outros falassem por ele.
O movimento também redesenha o tabuleiro: ao se posicionar, o governador empurra de volta para o campo dinista a responsabilidade pela ruptura.
E, de quebra, reforça a imagem de quem está disposto a governar sem tutelas.
O Maranhão vive um momento político em que nem Lula consegue juntar os cacos da aliança que o PT ajudou a construir no Estado.
A nota de Brandão é, antes de tudo, um divisor de águas: a tentativa de encerrar uma fase de bastidor e iniciar outra — em que o governador assume o protagonismo na lida com a crise.
Resta agora aguardar os próximos capítulos da novela da vida real na política do Mara.
Mas uma coisa é certa: a partir de hoje, Brandão voltou a ser o personagem principal da história.