O deputado estadual Yglésio Moyses (PRTB) resolveu jogar mais lenha na fogueira política do Maranhão. Voltou a falar, nesta quarta (15), sobre as gravações que mostrariam aliados do grupo dinista pressionando o governador Carlos Brandão (PSB) em busca de acordos eleitorais no pleito de 2024.
Sim, aquelas mesmas gravações que caíram como uma bomba no Palácio.
Na terça (14), os deputados federais Rubens Júnior (PT) e Márcio Jerry (PCdoB), que estão entre os citados nas conversas, reagiram: disseram que a Polícia Federal será acionada pela presidência da Câmara para apurar o caso. A ideia é investigar tudo — desde a origem dos áudios até o possível uso de estrutura estatal. Dizem que tem “dedo de imprensa” no meio da confusão.
Mas Yglésio não recuou um milímetro. Em nova conversa com jornalistas, o deputado disse ter ouvido o conteúdo completo das gravações e foi direto: “Há chantagem contra o governador.”
No plenário da Assembleia, ele reforçou o discurso — garantiu que não houve grampo, nem uso de qualquer aparelho do governo. Segundo ele, os próprios envolvidos teriam gravado as conversas. “O crime está no conteúdo, não na gravação”, repetiu.
A essa altura, o caso já virou uma espécie de novela política.
De um lado, o grupo dinista, tentando manter a coesão do campo aliado a Flávio Dino.
Do outro, Yglésio, que parece ter encontrado a oportunidade perfeita pra bater de frente com quem manda na engrenagem.
O deputado vem se posicionando como uma voz fora da bolha, alguém disposto a cutucar onde dói — e tem doído.
O problema é que o episódio expõe uma ferida antiga: os acordos subterrâneos e o jogo de pressões que sempre existiram entre as alas dos governos. E agora, pela primeira vez, tudo isso parece ter vindo à tona de forma explícita, em áudio e voz.
Quem acompanha política maranhense sabe: não há santo nessa história.
Se os áudios forem autênticos e o teor for o que Yglésio diz ser, o caso será um problemão para muita gente.
O fato é que o clima azedou de vez entre dinistas e governistas. Nem o conciliador Rubens Junior escapou das garras dos leões.
E ninguém sabe ainda se essas gravações vão derrubar alguém — ou se vão apenas mostrar o que todo mundo já desconfiava: que, por trás das cortinas, o poder no Maranhão é disputado a facadas, não a flores.