O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado (22/11) em Brasília. A detenção ocorreu após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, expedir mandado de prisão preventiva a pedido da Polícia Federal.
Segundo a PF, a medida não tem relação direta com a condenação de 27 anos e 3 meses definida em setembro pela Primeira Turma do Supremo. A prisão ocorre para garantia da ordem pública.
Bastidor: vigília motivou a prisão
Fontes da PF afirmam que a decisão foi tomada depois de o senador Flávio Bolsonaro convocar uma vigília em frente ao condomínio onde o pai cumpria prisão domiciliar.
“Chamamento para vigília, aglomeração, risco para terceiros e para o próprio preso”, disse um investigador.
Bolsonaro foi levado para a Superintendência da PF, onde permanece em sala de Estado — espaço reservado a autoridades. Antes, passou por exame no Instituto Nacional de Criminalística.
Defesa contesta decisão
Os advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno afirmam que a condenação do ex-presidente se baseou em provas frágeis e que houve cerceamento de defesa.
A defesa já havia apresentado embargos de declaração, rejeitados por unanimidade pelo colegiado. Ainda há recursos pendentes.
Condenação e histórico no STF
O julgamento que condenou Bolsonaro foi concluído em 11 de setembro. Quatro ministros o responsabilizaram por:
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organização criminosa
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tentativa de golpe de Estado
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abolição do Estado Democrático de Direito
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dano qualificado
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deterioração de patrimônio tombado
Apenas Luiz Fux divergiu. Após sua saída para a Segunda Turma, o colegiado passou a ser composto por Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Descumprimento de medidas e investigação paralela
Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto por descumprir restrições impostas por Moraes, ao participar por telefone de atos bolsonaristas transmitidos nas redes.
Antes disso, ficou 17 dias com tornozeleira eletrônica. A PF investiga ainda transferências financeiras para o filho Eduardo Bolsonaro, nos EUA, em suposta tentativa de pressionar o STF por interferência internacional.
No sábado (15/11), a Primeira Turma tornou Eduardo réu por coação.
Mudança de discurso
Ao longo dos últimos anos, Bolsonaro repetiu que “nunca seria preso”. Em agosto de 2021, afirmou ter apenas três opções: “ser preso, morrer ou vencer”, descartando a primeira.
Mais recentemente, recuou: “Já estou preparado para ouvir a campainha às seis da manhã”, disse à Bloomberg.
A PF cumpriu o mandado por volta das 6h, no condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico.
