×

Publicidade

Artigos

Escrever para gozar: brasileiros descobrem prazer em transformar fantasias em contos eróticos

Escrita erótica é vista como forma de masturbação e ganha força em plataformas adultas

 

O erotismo sempre encontrou terreno fértil na literatura. De O Decamerão a Cinquenta Tons de Cinza, histórias eróticas acompanham a humanidade como forma de fantasiar, se excitar e compartilhar desejos. No Brasil, esse movimento tem se intensificado no ambiente digital, com cada vez mais pessoas transformando suas experiências, ou apenas sua imaginação, em contos eróticos que circulam em sites e plataformas adultas.

Uma pesquisa realizada com mais de 6 mil usuários do Sexlog, a maior rede social de sexo e swing do País, revelou que o consumo é alto: 40,5% leem e ouvem contos eróticos, enquanto 36,6% se dedicam apenas à leitura. Entre os respondentes, apenas 17,5% afirmaram não consumir este tipo de conteúdo.

Continua após a Publicidade

Já quando se trata de escrever, o cenário ganha nuances interessantes. Apenas 10,1% já escreveram mais de uma vez e 6,9% fizeram isso por curiosidade. Mas o dado mais revelador está entre os que nunca escreveram: 39,9% declararam vontade de experimentar. Ou seja, quase metade dos “não-autores” carrega essa fantasia latente.

Escrita como prazer

O desejo de escrever vai além da criatividade: 44,2% querem compartilhar fantasias com outras pessoas, 30,9% relatam excitação durante a escrita e 13,8% veem no ato uma forma de testar a própria inventividade. E a relação entre escrita e prazer é intensa: 75,1% dos que já escreveram afirmam que ficam excitados sempre que produzem, e 22% às vezes. Tanto que 46% consideram a prática uma forma de masturbação.

A validação externa também importa: 47,4% já compartilharam seus textos em plataformas como o Sexlog ou sites especializados, enquanto 35,8% dizem ter vontade. Outro dado curioso: 74,3% ficariam excitados em ouvir seus contos narrados em áudio ou vídeo.

Entre o tabu e o tesão

O que excita na escrita? Para 32,3% é a descrição de detalhes explícitos, para 26,6% o “proibido” e os tabus, enquanto 21,2% destacam a chance de imaginar cenários diferentes da própria realidade. Já 19,7% dizem se excitar com o impacto que o texto pode gerar em quem lê.

A jornalista e escritora Monique dos Anjos, que recentemente lançou o livro Nós em Entre 3, lembra que o erotismo é também um ato político. “Escrever contos eróticos foi meu jeito de ocupar um espaço em que corpos como o meu, de mulheres negras, raramente são representados. Eu queria construir mundos onde essas mulheres fossem protagonistas do desejo, amadas e desejadas sem precisar estar ligadas a estereótipos”, explica.

Do diário à coletividade

Monique começou a escrever contos eróticos ainda na pandemia, após uma longa experiência no jornalismo feminino e na pesquisa sobre gênero e raça. “Para mim, não se trata de um diário íntimo ou de segredos pessoais. São histórias inspiradas em observações, cenas do cotidiano, conversas, livros e filmes. O que me move é transformar isso em narrativa e provocar quem lê. É uma escrita que me dá prazer, mas que também busca devolver algo ao coletivo.”

Ela reforça o poder da devolutiva do público: “Eu adoro receber mensagens de mulheres dizendo que se excitaram, que ficaram molhadas ou que reservaram meu texto para um momento íntimo. Isso mostra que há um diálogo vivo com a imaginação delas. Eu não escrevo só para mim, escrevo para provocar, para criar conversa, para compartilhar”.

Tabu, criação e política

Além do prazer, Monique vê a escrita como espaço de representação: “O erotismo produzido por mulheres ainda é nichado, mas essencial. Quando descrevo corpos, cheiros e intensidades que são comuns na vida real, estou dizendo: nós existimos, e existimos com prazer. Isso é poderoso”.

A pesquisa realizada pelo Sexlog confirma esse potencial: a escrita erótica, seja como consumo ou produção, vai muito além da fantasia individual. Ela abre espaço para novas narrativas, questiona tabus e coloca no centro algo que, em última instância, sempre esteve presente no desejo humano: a imaginação.

Sobre o Sexlog
Com mais de 23 milhões de usuários, o Sexlog é a maior rede social de sexo e swing da América Latina. A plataforma oferece um ambiente seguro para quem deseja explorar a sexualidade com liberdade, respeito e muito prazer.

Ver comentários