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Coluna do Udes Filho

PL cresce no Maranhão mais pelo “Josimarismo” do que pelo Bolsonarismo

Valdemar Costa Neto confirma liderança de Josimar no PL-MA durante evento em São Luís

O fortalecimento do Partido Liberal (PL) no Maranhão tem desafiado a centralidade do bolsonarismo dentro da sigla, evidenciando uma dinâmica regional liderada pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho. Este movimento, apelidado de “josimarismo” pelo jornalista maranhense Isaías Rocha — em alusão aos termos “bolsonarismo” e “lulismo” amplamente usados pela imprensa política brasileira — tem demonstrado força própria, independentemente da influência do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O “Josimarismo” tem gerado não apenas o crescimento do PL no estado, mas também a formação de submovimentos internos que ajudam a expandir ainda mais a influência de Josimar em diversos municípios. Em Raposa, por exemplo, surgiu o “Eudesrismo”; em Chapadinha, o “Belezinharismo”; em Igarapé do Meio, o “Almeidarismo”; e em Zé Doca, o “Josinharismo”. Esses submovimentos locais são uma extensão do poder de Josimar, onde líderes aliados ao deputado ganham força política com a marca do PL e o apoio da sua liderança, consolidando ainda mais o “Josimarismo” em cada região.

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Valdemar Costa Neto ao lado do prefeito da Raposa, Eudes Barros (PL).

Os resultados eleitorais confirmam a força desse movimento. Em 2022, o PL no Maranhão elegeu quatro deputados federais e cinco estaduais, superando partidos tradicionais como o PT, que conseguiu apenas um representante no Congresso e nenhum na Assembleia Legislativa. Já em 2024, o partido comandado por Josimar conquistou 40 prefeituras, enquanto o PT ficou com apenas duas. Esses números são ainda mais impressionantes considerando que o Maranhão é historicamente um reduto do lulismo.

Valdemar Costa Neto chancela o “Josimarismo”

A visita de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, a São Luís neste sábado (14), consolidou ainda mais o protagonismo de Josimar no estado. Durante coletiva de imprensa, Valdemar reafirmou que não há possibilidade de mudança no comando estadual da sigla, destacando que o crescimento do PL no Maranhão é diretamente atribuído à liderança de Josimar.

Valdemar também abordou as tensões recentes entre Bolsonaro e o diretório estadual. O ex-presidente havia sugerido a expulsão de Josimar e do deputado Pastor Gil, citando denúncias de corrupção. No entanto, segundo Valdemar, essa posição foi fruto de informações distorcidas levadas a Bolsonaro por um deputado federal maranhense do Republicanos, cujo nome não foi revelado.

Ao rebater as acusações, Valdemar Costa Neto destacou:

“Bolsonaro tem um carisma enorme, inigualável, fora do normal. Ele não tem esse comportamento normal que todos nós temos. […] Então, chega um deputado no ouvido dele, que tem inveja, que tem uma dor de cotovelo do Josimar e do grupo dele. Ele foi lá envenenar, fazer maldades contra os outros.”

A fala de Valdemar deixa claro que, para o diretório nacional do PL, o comando de Josimar é estratégico e inquestionável. Além disso, Valdemar demonstrou otimismo com o futuro político de Josimar, afirmando que é apenas “questão de tempo” para que ele dispute o governo estadual.

O “Josimarismo”: força local em meio à polarização nacional

O crescimento do PL no Maranhão simboliza uma nova forma de articulação política em um estado em que historicamente elegeu políticos mais alinhados ao presidente Lula. O “josimarismo” se baseia em uma estratégia de controle local, consolidando apoio em prefeituras, vereadores e outras lideranças regionais. Atualmente, Josimar de Maranhãozinho lidera um partido que no próximo ano administrará 40 prefeituras no estado, um feito inédito para uma legenda associada ao bolsonarismo em um reduto do lulismo.

Esse pragmatismo político contrasta com a abordagem ideológica do bolsonarismo, que tenta impor uma visão centralizada de comando sobre a sigla. Enquanto Bolsonaro critica Josimar, os resultados mostram que o deputado maranhense vem entregando algo raro no cenário político: crescimento sólido e amplo no nível municipal.

Uma disputa entre pragmatismo e centralização

A ascensão do “Josimarismo” no Maranhão reflete um dilema maior dentro do PL: até que ponto o partido deve centralizar suas estratégias em torno de Bolsonaro, ou permitir que lideranças regionais, como Josimar, mantenham autonomia?

O caso do Maranhão expõe uma tensão latente entre ideologia e pragmatismo político. Josimar consolidou sua posição com base em resultados concretos e uma rede de apoio local robusta, enquanto Bolsonaro parece ignorar a relevância desses números em favor de um controle mais simbólico e alinhado à sua narrativa.

Com Valdemar Costa Neto claramente alinhado ao diretório estadual, o “Josimarismo” não só se fortalece, mas também desafia os limites do bolsonarismo dentro do PL. A questão que fica é: será que o partido conseguirá equilibrar essas forças internas, ou o embate entre os dois blocos fragilizará a coesão da legenda?

Por enquanto, no Maranhão, a liderança de Josimar segue incontestável, e o “Josimarismo” desponta como um fenômeno político único em meio à polarização nacional.

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